2. No tabuleiro da baiana tem...

 

   

Se você é daqueles/daquelas de estômago e intestinos delicados continue dando toda atenção a isso, com bom acompanhamento profissional. Vamos torcer para que supere! Mesmo assim, venha. A Bahia não é apenas dendê gorduroso e pimenta forte com nomes abusados como “Rasga Cueca”. Se souber aonde ir e o que escolher vai, com certeza, saborear excelentes criações de renomados chefs da culinária internacional.

         

Se for da geração hambúrguer-batata frita-milkshake, que pena, vai perder a oportunidade de conhecer uma culinária original e saborosa de matriz afro-brasileira. Conhecer e saborear a culinária de outras culturas é um ato delicioso de distanciamento: é necessário se distanciar de si um pouco e exercitar a observação e o respeito pelo outro e seus valores. Seria surpresa se 100% dos turistas para a Bahia amassem de paixão o dendê e a pimenta malagueta (Oi, Gerson!).   

      



                                                                                    
                                                                                                                                         
                                                    
   

   Existem meios-termos. Umas pimentas de cheiro, verdes e compridas, que perfumam saladas e moquecas e não ardem nada! É compreensível que, pela fartura de pescado, a Bahia tenha uma culinária com uso intenso de frutos do mar (uhm... aquele escabeche de guaricema, da Vaninha...!). Fico pensando: um caldo de lambreta seria um  meio-termo para quem não gosta muito de mariscos? Ok, mas não veja a preparação - alguém escovando aquelas conchas brancas, pretas de lama, antes de por a ferver. O caldo, temperadinho, além de saboroso é muito revigorante e rico.

                        



   

Claro que nos barezinhos noturnos do Caminho do Mucugê, no Arraial d’Ajuda, você verá muita pizza (geniais!), muita picanha argentina e boa comida tailandesa. Não consigo esquecer do Godzilla, um restaurante asiático entre as árvores iluminadas no Arraial. O cozinheiro japonês, alto e magrão, de cabelos louros tingidos, era fera em rolinhos coreanos fritos e comida vietnamita. Os sushis com sakê eram soberbos, embora aquela pasta de wasabi verde parecesse molho de gás lacrimogêneo... pela madrugada! Mas, convenhamos, ninguém vai à Bahia para ficar comendo pizza ou sushi, embora a Bahia seja “de todos os santos”!

  

Boa, mesmo, é a temperança. Essencial à saúde. Dê tempo a seu organismo para perceber e assimilar os novos ingredientes. Evite se empanturrar das delícias da Bahia já no primeiro momento – vá com calma! Você prefere mal conseguir se sentar por dois dias, ou ainda voltar ao hotel e dormir abraçado ao vaso sanitário?! Há quem prefira degustar um prato de sardinhas nuas (fritas crocantes, fininhas, sem peles, sem espinhas), saborear uma cervejinha gelada, sentado no deck à margem do Buranhém e contemplar aquele pôr-do-sol de filme! 




Figuras, em ordem de aparecimento: Tabuleiro da baiana, acarajé aberto, abará, acarajé fervendo no dendê, cortadinho de quiabo com abóbora, feijão de corda, molho de pimenta, arroz de Haussá, xinxim de galinha, moqueca baiana, vatapá, caldo de sururu, caldo de lambreta, mungunzá, moqueca de siri mole, caruru, sardinha nua, deck do galo, por-de-sol no Buranhém.


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